*Nota originalmente publicada na WCS Equador
No final de junho, foi realizado o workshop de implementação da ferramenta SMART–ICTIO, uma capacitação que marcou o início do primeiro plano piloto que integra essas duas aplicações tecnológicas focadas no monitoramento participativo. O objetivo é melhorar o registro e a análise de dados sobre pesca artesanal — comercial e de subsistência — promovendo assim a tomada de decisões informadas com base em evidências locais. Esta iniciativa é liderada pela WCS Equador com o apoio da Aliança Águas Amazônicas.

Participantes do primeiro plano piloto de SMART Ictio em Coca, Equador. Fotografia: © Emilia Ulloa / WCS Ecuador
El COCA, ECUADOR | AGOSTO 26, 2025
Como se o próprio rio os tivesse convocado, pescadores e pescadoras artesanais da Associação Rio Napo e membros de várias comunidades kichwas se uniram a uma experiência única que marca um marco importante para a gestão participativa dos recursos pesqueiros.
Durante dois dias, com celulares em mãos e grande curiosidade, os participantes do workshop exploraram a ferramenta SMART por meio de exercícios práticos, saídas de campo e atividades de sincronização e validação de dados. Este aplicativo permitirá que as comunidades e pescadores/as registrem e monitorem espécies comerciais e de subsistência das quais dependem, como os bagres médios e grandes da família Pimelodidae.

Pescadores utilizando SMART Ictio para registrar uma captura. Fotografia: © Emilia Ulloa / WCS Ecuador
“A aplicação Ictio parou de funcionar há alguns meses, então migramos para o SMART, onde incluímos um modelo de dados baseado em todas as variáveis do Ictio para monitorar as pescarias. Isso permite que os próprios pescadores gerem informações-chave para a sustentabilidade alimentar e a gestão de recursos”, explicou Fernando Anaguano, especialista em Ictiologia da WCS Equador e líder técnico do projeto.
Desde 2018, a plataforma Ictio tem sido utilizada para estudar os peixes migratórios na Bacia Amazônica. Graças aos registros e observações realizados por pescadores, pescadoras e cientistas cidadãos, foram geradas informações valiosas que permitem compreender as dinâmicas ecológicas e da atividade pesqueira, uma tarefa prioritária para o manejo sustentável da pesca.

Linda Bucheli, da Associação de Pescadores Rio Napo na capacitação, medindo o tamanho de um peixe, junto a técnicos do IPIAP e WCS Equador. Fotografía: © Emilia Ulloa / WCS
Diante dos desafios técnicos que a aplicação Ictio enfrentava e da necessidade de manter vivo esse esforço de monitoramento participativo, surge esta iniciativa piloto em que o SMART Collect se adapta pela primeira vez no Equador para registrar informações sobre pesca artesanal. Este aplicativo, amplamente utilizado em projetos de conservação e manejo de recursos naturais, agora se torna uma ferramenta chave para fortalecer a gestão pesqueira e, ao mesmo tempo, se projeta como um modelo replicável em outras regiões da Amazônia.
O conhecimento prévio de muitos pescadores/as com a antiga plataforma Ictio facilitou a transição, enquanto outros, com experiência em SMART, aprenderam rapidamente a usar esta nova versão integrada. “Este aplicativo me pareceu extremamente importante. É mais acessível para nós, não haverá muita confusão em subir os dados”, comentou Saira Bucheli, presidenta da Associação de Pescadores Artesanais Rio Napo.
Os dados coletados — como a espécie, tamanho, peso e local de captura — alimentarão uma base de dados em escala regional que, no futuro, permitirá fortalecer as decisões e políticas de manejo pesqueiro na Amazônia, especialmente sobre os peixes migratórios que conectam a região com suas viagens. Assim, esta experiência piloto não apenas promove a coleta de dados valiosos, mas também o protagonismo dos pescadores como atores-chave na conservação. “Eles são quem deve gerir os recursos porque disso depende seu sustento”, acrescentou Anaguano. A meta é clara: gerar evidências locais sólidas que sustentem medidas de manejo pesqueiro sustentáveis e justas para aqueles que vivem do rio e o cuidam dia a dia.
Esta experiência piloto contribui para o programa de ciência cidadã da Aliança Águas Amazônicas, ao fortalecer o monitoramento participativo e fomentar a colaboração em rede para empoderar a cidadania a compartilhar dados que oferecem uma visão integrada de conservação em escala.
O trabalho articulado com a Associação de Pescadores Artesanais Rio Napo é possível graças ao Programa Paisagem Yasuní, uma aliança estratégica entre a Wildlife Conservation Society (WCS), o Legacy Landscape Fund (LLF) através de seu programa “Paisagens de Legado” e a Fundação Gordon e Betty Moore, em colaboração com a Aliança Águas Amazônicas e o Bezos Earth Fund.
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