De 2 a 5 de setembro, membros do Coletivo do Pirarucu participaram da Semana da Sociobiodiversidade em Brasília. Neste espaço, apresentaram suas demandas históricas às autoridades nacionais.
Junto a 450 lideranças dos setores de castanha, borracha e pesca artesanal, fizeram duas solicitações centrais: uma política de pagamento que reconheça os serviços ambientais prestados por meio do manejo sustentável do pirarucu, espécie chave para a conservação e a economia local, e maior fiscalização estatal dos territórios diante do avanço de atividades ilícitas.
Na reunião, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, dialogou com os membros do coletivo e destacou seu compromisso com a conservação. “Vocês são pessoas cujo estilo de vida já é a preservação em si mesmo”, afirmou.

Autoridades e membros do Coletivo do Pirarucu junto a Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Foto: Talita Oliveira/OPAN
Durante o evento, o coletivo recebeu um anúncio importante do Ministério do Meio Ambiente: o início de um projeto piloto para uma política nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). A Secretária Nacional de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente, Carina Pimenta, apresentou a proposta e destacou que se trata de um passo chave para o reconhecimento das comunidades que promovem a sustentabilidade. “Espero que possamos implementar um acordo viável que sirva de referência para outros coletivos no futuro”, declarou.

Bruna De Vita, diretora de Políticas de Estímulo à Bioeconomia da SBC-MMA. Foto: Talita Oliveira/OPAN
A segunda demanda, vinculada à vigilância territorial, foi abordada em diálogo com representantes do Ministério da Justiça, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Polícia Federal e das Nações Unidas. Os pescadores apresentaram informações e depoimentos sobre as estratégias de vigilância comunitária e o aumento das ameaças em seus territórios.
Diogo Giroto, coordenador do programa Amazonas da Operação Amazônia Nativa (OPAN), expressou sua preocupação com o avanço do tráfico de drogas e garimpo, especialmente em zonas de fronteira, e destacou que esse espaço de diálogo foi um primeiro passo relevante.
O presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, comprometeu-se a fortalecer as estratégias de fiscalização territorial e a estabelecer um canal direto com as comunidades envolvidas no manejo do pirarucu.

Representantes do Coletivo Pirarucu se reuniram com o presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho. Foto: Jéssica Souza/PNUD
“Conversar diretamente com o presidente do IBAMA e com a ministra Marina Silva sobre a conservação das áreas de manejo foi algo muito importante e histórico”, destacou Edvaldo Tavares, presidente da Associação Agroextrativista de Auati-Paraná (AAPA).
A participação do Coletivo do Pirarucu na Semana da Biodiversidade contou com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), do Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, do IBAMA, da Associação de Produtores Rurais de Carauari (Asproc), do Fundo Vale, da Operação Amazônia Nativa (OPAN), da Aliança Águas Amazônicas, da WCS e da Fundação Gordon e Betty Moore.
O manejo do pirarucu no Brasil se consolidou como um referencial de governança pesqueira e de cadeias de valor sustentáveis, equitativas e inclusivas. A Aliança Águas Amazônicas impulsiona essa mesma visão: fortalecer a colaboração entre comunidades, instituições e ciência para conservar a conectividade dos rios amazônicos e garantir o bem-estar de quem os habita.