USFQ e o Instituto Mamirauá fortalecem o monitoramento integrado dos ecossistemas aquáticos amazônicos

USFQ e o Instituto Mamirauá fortalecem o monitoramento integrado dos ecossistemas aquáticos amazônicos
agosto 26, 2025 Gabriela Merizalderubio
26 de agosto de 2025

A Universidad San Francisco de Quito (USFQ) e o Instituto Mamirauá iniciaram uma colaboração para fortalecer o monitoramento integral dos ecossistemas aquáticos amazônicos, uma ferramenta que combina dimensões socioambientais, físico-químicas, hidrológicas e ecológicas. Essa abordagem permite avaliar não apenas a qualidade da água, mas também a vida que ela sustenta e a relação das comunidades com esses sistemas.

Conservando la Cuenca Amazónica Aguas Amazonicas

Equipe da USFQ, Instituto Mamirauá e a WCS na estação Tiputini na Amazônia equatoriana. Fotografia: © Águas Amazónicas

“Trata-se de um esforço colaborativo que envolve cientistas e comunidades locais — povos indígenas de diferentes etnias e populações ribeirinhas. Esse tipo de monitoramento nos permite gerar dados valiosos que ajudam as comunidades a tomar decisões diante de secas, inundações ou variações na produção de peixes, que constituem uma fonte essencial de alimento na região”, explica Andrea Encalada, vice-reitora da USFQ.

O trabalho é desenvolvido em sítios-piloto que funcionam como laboratórios de teste e aprendizado: o Lago Tefé, na região do Médio Solimões (Brasil), e o rio Tiputini, na bacia do rio Napo (Equador). Tiputini, influenciado pelos Andes, oferece informações-chave sobre como os aportes andinos — sedimentos, nutrientes e águas — influenciam a dinâmica da Amazônia baixa.

Ayan Santos, pesquisador do Instituto Mamirauá, explica que o lago Tefé representa os ecossistemas aquáticos da Amazônia Central, com sua relação direta com as planícies de inundação desta região.

Entre os primeiros avanços do projeto destacam-se a definição de estratégias para o monitoramento participativo, que resultarão em protocolos de amostragem de longo prazo, o desenvolvimento de um marco conceitual de integridade socioecológica com ênfase na conectividade aquática, e a incorporação de novos parceiros à rede de colaboração. Tudo isso se insere na integração de informações geoespaciais, variáveis-chave, experiências de ciência cidadã e contribuições de especialistas para orientar o monitoramento sustentável dos ecossistemas de água doce na Bacia Amazônica.

“A importância de contar com um monitoramento integral dos ecossistemas aquáticos amazônicos está no fato de que esses sistemas são essenciais para a vida, tanto por sua riqueza ecológica quanto pelos serviços que prestam a milhões de pessoas. No entanto, a região carece de dados contínuos e de longo prazo que permitam entender como mudam os rios, lagos e áreas úmidas diante das pressões ambientais, sociais e climáticas”, comentou Andrea Encalada, acrescentando que o objetivo não é que Tiputini seja o único sítio andino-amazônico estudado, mas sim o primeiro de uma rede mais ampla.

Conservando la Cuenca Amazónica Aguas Amazonicas

Pesquisadores da USFQ e o Instituto Mamirauá na visita a Tefé, Brasil. Fotografia: © USFQ

O valor desse esforço está em contar com mais sítios-piloto e avançar rumo a sistemas sentinelas, estações de monitoramento que alertem sobre mudanças críticas nos ecossistemas aquáticos amazônicos. Com dados sólidos e de longo prazo, será possível antecipar riscos, orientar políticas públicas e contribuir para a conservação da biodiversidade e para o bem-estar humano no coração da Amazônia.

“Esperamos com o projeto desenvolver estratégias de monitoramento ambiental de longo prazo com engajamento comunitário para distintos sistemas fluviais e lacustres da Amazônia”, conclui Ayan Santos.

Essa colaboração conta com o apoio do Global Research and Solutions Center, da WCS e da Fundação Moore. O objetivo é que os sítios-piloto funcionem como sistemas sentinela e que, a longo prazo, a rede se estenda por toda a Amazônia.

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